Interregno antropotécnico
DOI:
https://doi.org/10.37467/gka-revtechno.v3.1190Palavras-chave:
tecnociências, crítica da tecnologia, filosofia da ciência, determinismo tecnológicoResumo
O objetivo central deste artigo é refletir criticamente acerca das atuais condições antropotécnicas da humanidade, algo análogo ao estado da arte tecnológica atual em interface com as realidades sociais emergentes, suas perspectivas e horizontes quanto às conjunções sociais que se constroem por meios tecnológicos, dedicando especial atenção aos exponenciais desenvolvimentos tecnocientíficos da Modernidade e Pós-modernidade, eventos estes que provocam uma súbita mudança na maneira como percebermos a própria realidade que nos circunda e circunscreve, resignificando-a radicalmente. Tentaremos demonstrar também que, de fato, determinamos nossas tecnologias ao concebê-las e plasmá-las socialmente, mas também acabamos sendo, de igual modo e no sentido inverso, determinados por elas em campos importantes da vida societal, já que técnicas e tecnologias estruturantes (como a genética, clonagem, o bioengenheiramento e as transgenias, por exemplo) estão interferindo cada vez mais fundo em nossas vidas cotidianas, chegando ao ponto extraordinário e ambíguo de poderem determinar até mesmo a estruturação biomolecular de nossa constituição carnal, ou seja, algo até temerário social e bioeticamente falando. Lançaremos luz também sobre a pungente questão da indeterminação, no que se refere ao futuro de sociedades e tecnologias, e das infindáveis sobredeterminações e determinismos que estas impõem umas às outras, no sentido de se retro-influenciarem mutuamente com extremada peculiaridade e plasticidade; lembrando sempre que as segundas (tecnologias) estão (e estarão) contidas nas primeiras (sociedades), como não poderia deixar de ser, e que nós, seres humanos, por isso mesmo, acabamos recebendo influências e determinações importantes de ambas as forças e entidades. Vale destacar ainda que existe, neste contexto, um flagrante descontrole sobre as tecnologias e tecnociências que produzimos e usamos, e é disso então que trataremos a seguir.
Referências
Dubos, R. (1972). O despertar da razão. São Paulo: Melhoramentos/EDUSP.
Feenberg, A. (2010). A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia . Brasília: Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina/ CDS / UnB / Capes. Série Cadernos - Primeira Versão / construção social da tecnologia/ número 3-2010.
Habermas (2004). O futuro da natureza humana. São Paulo: Martins Fontes.
Horkheimer, Max e Theodor, Adorno (1975). Textos Escolhidos: Conceito de Iluminismo . Coleção Os Pensadores, volume XLVIII. São Paulo: Abril Cultural.
Hottois, Gilbert e Susanne, Charles (1993). “Eugenia”. Em: Dicionário da Bioética , orgs: Gilbert Hottois e Marie-Hélène Parizeau. Lisboa: Instituto Piaget.
Jonas, Hans (1979). O princípio responsabilidade – Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: PUC.
Kaku, Michio (1997). Visões de futuro – Como a ciência revolucionará a o século XXI. Rio de Janeiro: Rocco.
Kneller, George F. (1980). A ciência como atividade humana. São Paulo: Zahar Editores.
Lévi-Strauss, Claude (2003). Antropologia estrutural . Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.
Le Breton, David (1990). Antropologia do corpo e modernidade. Rio de Janeiro: Editora Vozes.
Morin, Edgar (2001). O método 2: A vida da vida. Porto Alegre: Sulina/Meridional.
Morin, Edgar (2001). O método 5: A humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina/Meridional.
Oliva, Alberto (2003). Filosofia da ciência . Coleção Filosofia Passo a Passo, volume 31. São Paulo: Editora Zahar.
Quaresma, Alexandre (2011). A tecnicização do humano . In IX Congresso Latinoamericano de dinámica de sistemas. Brasília, Brasil.
Quaresma, Alexandre (2012). Determinados por nosso próprio determinismo. In IV Congresso Internacional sobre Ciência e Sociedade. Berkeley, Estados Unidos.
Quaresma, Alexandre (2012). Crítica sobre a origem e os fundamentos da nova desigualdade entre os homens. In IX Jornadas Latinoamericanas de Estudios Sociales de la Ciencia y la Tecnología – ESOCITE. Cidade do México, México, 2012. http://pt.scribd.com/doc/93571357/Programa-ESOCITE-2012-Desglosado ISBN: 978-607-02-3278-7.
Quaresma, Alexandre (2013). O injustificado imperativo genético . In V Congresso Internacional sobre Ciência e Sociedade. Varsóvia, Polônia.
Russell, Bertrand (1949). A perspectiva científica . São Paulo: Companhia Editora Nacional.
Sfez, Lucien (1995). A Saúde Perfeita – Críticas de uma utopia. Lisboa: Instituto Piaget.
Silva, Franklin Leopoldo e (2010). “Humano, transumano, pós-humano”. Revista MSG , número 3, ano I. São Paulo: Lazuli.
Trigueiro, Michelangelo (2009). Sociologia da tecnologia – Bioprospecção e legitimação. São Paulo: Centauro.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores/as que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Os autores/as terão os direitos morais do trabalho e cederão para a revista os direitos comerciais.
- Um ano após a sua publicação, a versão do editor estará em acesso aberto no site da editora, mas a revista manterá o copyright da obra.
- No caso dos autores desejarem asignar uma licença aberta Creative Commons (CC), poderão a solicitar escrevendo a publishing@eagora.org