Considerações históricas, teológicas e litúrgico-canônicas sobre exorcismos privados virtute charismatis na vida da Igreja: “exorcistas” não ordenados?

Autores

  • Leonardo Miguel Barraza Aranda

Resumo

Este artigo estuda dois relevantes aspectos litúrgicos e canônicos. De um lado, a legislação da Igreja referente ao exorcismo público e solene para os casos de possessão diabólica, cujo exercício, já a partir do século IV, está restrito unicamente aos clérigos que possuam a licença expressa do bispo. De outro lado, o exorcismo privado, que, conforme o ensinamento de Santo Afonso Maria de Ligório e outros renomados teólogos, pode ser realizado por qualquer leigo e a fortiori por todo ministro ordenado. Com efeito, trata-se de um exorcismo que não se executa em nome da Igreja, nem pela sua autoridade, mas a um título meramente particular. Ilustra esta realidade, em plena harmonia com as tradições da Igreja, uma seleção de vinte e quatro exorcismos sobre pessoas possuídas, realizados entre os séculos IV e XX por membros da Igreja que, em termos estritamente canônicos, não eram exorcistas. Dois santos leigos, seis freiras canonizadas e uma sétima irmã, falecida com fama de santidade. Além disso, também se demonstra que a eficácia desses exorcismos privados, tendo sido operados em virtude de um carisma, não dependeu dos rituais estipulados pela Igreja, mas sim do poder de Deus, invocado através de orações privadas. /// This paper studies two relevant liturgical and canonical aspects. On the one hand, the Church’s legislation concerning public and solemn exorcism in the case of diabolical possession, whose exercise, as of the fourth century, is restricted only to clerics who have the bishop’s express license. On the other hand, private exorcism, which, according to the teaching of Saint Alphonsus Maria de Liguori and other renowned theologians, can be performed by any layman and a fortiori by any ordained minister. In effect, it is an exorcism that is not executed in the name of the Church, nor by her authority, but in a merely private capacity. This reality, in full harmony with the traditions of the Church, is illustrated with a selection of twenty-four exorcisms of possessed persons, carried out between the fourth and twentieth centuries by members of the Church who, in strict canonical terms, were not exorcists. Two lay saints, six canonized nuns and a seventh sister who died in the fame of sanctity. Moreover, it demonstrates that the effectiveness of these private exorcisms, being operated by virtue of a charism, did not depend on the rituals stipulated by the Church; but on the power of God, invoked through private prayers.

Publicado

2020-07-06

Edição

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